Pesquisar este blog

quarta-feira, 15 de julho de 2009

"Another Brick in the Wall"





Lembro-me de todas as escolas por onde passei e buscando no fundo da memória percebi que em todas havia algum símbolo religioso, do quadro de Jesus que nos observava em sala de aula a algumas estátuas de santos...

O que isso tem demais? Pergunto-vos. Aqueles com menos senso crítico podem adotar a postura clássica do “Isso não tem nada haver”. Por outro lado, temos os dogmáticos com coragem de afirmar “Está certo, as crianças e jovens devem ter esse encontro com religião desde cedo”. Então é necessário confrontar-lhes com uma expressão até comum, mas pouco entendida de “Escola laica”.

O termo “laico” vem de “Laicismo” que podemos considerar como uma ideologia ou mesmo corrente filosófica que tem basicamente em sua proposta a separação do Estado e da Religião. Na verdade é bem mais abrangente do que isso, mas a critérios de discussão, isso já me serve de subsidio para argumentar contra a postura das escolas ditas Laicas.

[Laico «laos» (adj: «laikos»), expressão que designava o povo de uma maneira tão abrangente ou tão universal quanto possível. O termo «laos» referia-se, portanto ao "povo todo", a "toda a gente", sem exceção.]

Nas épocas em que a humanidade começava a gozar de uma surpreendente evolução intelectual, A religião tinha que intervir (Afinal, pensar demais é ruim para os dogmas) e com isso foi capaz de cometer uma serie de abusos que podemos constatar olhando para a história, a pressão em cima de Galileu, o “assassinato” de Giordano Bruno na fogueira etc. Essas ações da igreja enquanto poder absoluto na certa não agradava muita gente, Ao longo do tempo (Felizmente) percebeu-se que o domínio religioso não era o mais bem indicado para o progresso da humanidade, daí temos vários eventos importantes que levaram a perda do poder da religião, o próprio laicismo vem a nascer em oposição à interferência da religião na política.

E os países administrados pela religião? Bem, esses são os países “não laicos” e até onde sei não são os mais exemplares para a paz mundial. É evidente que não podemos ter a religião como administradora do Estado, simplesmente pela própria diversidade religiosa (Ou no meu caso a falta dela), para descrever basicamente o que eu acho, há um vídeo perfeito para elucidar essa questão, Trata-se de um discurso de Barak Obama:

http://www.youtube.com/watch?v=_IHQr4Cdx88

Para quem tiver uma net lenta como eu, transcrevo o que ele diz:

“Dada a crescente diversidade das populações dos EUA,
Os riscos de sectarismo estão maiores do que nunca, O que quer que nós já tenhamos sido, Nós não somos mais uma nação cristã, Pelo menos não somente. Nós também somos uma nação judaica, uma nação muçulmana e uma budista, e uma nação hindu e uma nação de descrentes, (Aeeee Obama!)
E mesmo se nós tivéssemos apenas cristãos entre nós, Se expulsássemos todos os não-cristãos dos EUA, O cristianismo de quem nós ensinaríamos nas escolas? Seria o de James Dobson, ou de Al sharpton? (Nunca ouvi falar)
Que passagens das escrituras deveríamos instruir as nossas políticas publicas?
Deveríamos escolher o levidicos? que sugere que as escravidão é aceitável? que comer frutos do mar é uma abominação? Ou poderíamos escolher o Deuteronômio, que sugere apredeijar seu filho se ele se desviar da fé? Ou deveríamos ficar apenas com o sermão da montanha? Uma passagem que é tão radical que se é de duvidar que o nosso próprio departamento de defesa sobreveria a sua aplicação.
Nós...Então, antes de nos empolgarmos vamos ler as nossas bíblias agora. As pessoas não têm lido a bíblia. O que me trás ao meu segundo ponto:
Que a democracia exige que aqueles motivados pela religião traduzam suas preocupações em valores universais, ao invés de específicos de uma religião,
O que eu quero dizer com isso?
Ela quer que as propostas delas estejam sujeitas a discussão e sejam influenciadas pela razão.
Eu posso ser contrario ao aborto por razões religiosas, para tomar um exemplo, mas se eu pretendo aprovar uma lei proibindo a pratica, Eu não posso simplesmente recorrer ao ensinamentos de minha igreja ou invocar a vontade divina;
Eu tenho que explicar porque o aborto viola algum principio que é acessível a pessoas de todas as fés, incluindo aqueles sem fé alguma. (Ah eh ...obama! ...obama! rs )
Agora isso vai ser difícil para aqueles que acreditam na inerrância da bíblia, como muitos evangélicos acreditam,
mas em uma sociedade pluralista nós não temos escolha,
A política depende da nossa capacidade de persuadir uns aos outros de objetivos comuns com base em uma realidade comum, ela envolve negociação,
A arte daquilo que é possível, E, em algum nível fundamental, a religião não permite negociar é arte do impossível. Se deus falou espera se que os seguidores vivam de acordo com os éditos de Deus, a despeito das conseqüências, Agora basear a vida de uma pessoa em compromissos tão inegociáveis pode ser sublime, Mas basear nossas decisões políticas em tais compromissos seria algo perigoso, Se você duvida disso, deixe me dar um exemplo:
Nos todos conhecemos a historia de Abraão e Isaac,
Abraão foi ordenado por deus a sacrificar seu único filho,
sem discutir ele leva Isaac montanha a cima até o topo e o amarra ao altar,
Levanta sua faca, prepara-se para agir... Como deus ordenara.
Agora nos sabemos que as coisas deram certo;
deus envia um anjo para interceder bem no ultimo minuto.
Abraao passa no teste de devoção a deus.
Mas é justo dizer que qualquer um de nós , ao sair desta igreja visse Abraão no telhado de um prédio levantando sua faca, nós iríamos no mínimo , chamar a policia e esperaríamos que o departamento de Serviços as crianças e a família tirasse aguarda de Isaac de Abraão.
Nós faríamos porque nós não ouvimos o que Abraão ouve,
Nós não vemos o que Abraão vê.
Então o melhor que podemos fazer é agir d e acordo com aquelas coisas que todos nós vemos e que todos nós ouvimos.
A jurisprudência é o bom senso básico. Então nos temos algum trabalho a fazer aqui,
Mas eu tenho esperanças que nós podemos transpor o hiato que existe e superar os preconceitos que todos nós , em maior ou menor grau, trazemos a esse debate.
Eu tenho fé que milhões de americanos crentes querem que isso aconteça.
Não importam o quanto religiosos eles possam ser ou não ser,
As pessoas estão cansadas de ver a fé ser utilizada como ferramenta de ataque,
elas....Elas não querem que a fé seja usada para diminuir ou para dividir.
Porque no fim, não é dessa forma que elas vêem a fé nas suas próprias vidas”.


Perfeito! Boto “fé” nesse cara. O que devia ser lógico costuma não ser claro para as pessoas porque cada uma vive em seu mundinho de dogmas e acha que devemos engolir suas crenças, Por Zeus!
(Certo dia cai no blog de um pastor evangélico que fazia campanha contra Obama, ele tinha uma seqüência de raciocínio no mínimo “interessante” para não dizer ridícula de que Obama é uma manifestação das “forças do mal”.)

Mas o que tudo isso tem a ver com a escola? Bem, Para quem não deduziu o desfecho da reflexão que proponho aqui, vou esclarecer: A escola é responsabilidade do Estado e este por sua vez deve ser “laico”, daí o termo Escola laica, Perceba que não critico uma instituição que seja oficialmente religiosa, temos escolas católicas, tudo bem! Os pais colocam seus filhos onde quiserem e podem optar por uma escola que tenha a vertente religiosa da família, nada demais com isso. Mas o estado não pode e nem deve adotar uma postura religiosa nesse sentido por dizer respeito a todos nós, e “todos nós” não temos as mesmas crenças!

Visualize uma criança mulçumana que vive entre nós chegar em uma escola de “todos” do nosso então dito pais democrático e se defrontar com símbolos religiosos, Opa! Para que um exemplo radical desse? Vamos contextualizar para a realidade brasileira, Imagine um jovem evangélico encontrando imagens de santos na escola que freqüenta, sabemos que para a maioria dos evangélicos as imagens são idolatria dos católicos (O que eu concordo perfeitamente), ou um jovem Judeu tendo aula com um quadro de Jesus olhando para ele, isso pode até não parecer nada demais, mas é desrespeitoso sim, agride a liberdade e direito das pessoas, pois as escolas públicas são do Estado, são de todos e quem tem o direito de definir qual é a religião correta? Certamente não vai ser a escola quem vai nos dizer isso, não é esse o papel dela...

“Nunca deve valer como argumento a autoridade de qualquer homem, por excelente e ilustre que seja... É sumamente injusto submeter o próprio sentimento a uma reverência submetida a outros; é digno de mercenários ou escravos e contrário à dignidade humana sujeitar-se e submeter-se; é uma estupidez crer por costume inveterado; é coisa irracional conforma-se com uma opinião devido ao numero dos que a têm...É necessário procurar sempre, em compensação, uma razão verdadeira e necessária... e ouvir a voz da natureza.
(Giordano Bruno. In Rodolfo Mondolfo. Filosofia da Renascença. São Paulo, Mestrejou, 1967)

É por isso que queimaram ele...




NOTA: O que tudo isso tem haver com "Another Brick in the Wall" ?
(Sim, música do Pink Floyd) Bem, esse é o exercício de casa...

Um comentário:

  1. E teve a cara de pau de me falar que o texto ficou fraco!! rs
    entao... como eu nao fui a primeira a ler... e nem tive como achar errinhos de portugues e falar o q achei...
    tenho que deixar um comentario ne! rs
    ficou otimo!! desde a figura [rs]... o discurso do Barak Obama e o comentario do giordano bruno [que deu uma incrementada]... seus comentarios no texto do abama [aeee obama!] rs... e é claro, todo o seu texto, ne!
    ficou otimo! e aprendi varias coisas viu! rs
    e ta todo mitido a professor hem, senhor marcos!! "esse é o exercicio de casa" rsrs

    o blog ta otimo!! continueee...

    beijoss mô =**

    ResponderExcluir