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quarta-feira, 31 de março de 2010

Toda religião ostenta ser a verdade absoluta

Como eu me perco facilmente em pensamentos, obviamente esse blog é tão caótico quanto minha mente, Há postagens anteriores em que iniciou uma sequência sobre “provas da existência de deus”, mas acabo seguindo outros assuntos afinal esse blog segue eventos da minha vida e as questões da atualidade e inevitavelmente me desviei do assunto. [Ora! Como ficar indiferente com políticos que contratam espíritas para garantir um bom clima para festas? Ou padres que dão sermão de sinais divinos em meio a tragédias como as do Haiti?] Mas ignorando a proposta da seqüência e recapitulando a primeira postagem em que eu promovia reflexões avulsas e não lineares, sigo o assunto, mas já lembrando que se sabe lá qual vai ser o próximo... Um dos argumentos mais fortes/influentes da existência de deus são as tais escrituras sagradas, A bíblia em si renderia muitas postagens para discutir seus vários pontos enigmáticos, mas como não a considero um argumento com qualquer nível de validade (O que é irônico por que é a principal motivação da fé no mundo) vou me limitar em alguns aspectos bem pessoais e a medida em que algum assunto apareça eu retomo a ela como material de reflexão: “Bíblia” vem do grego (Para variar) e significa “Livros”, sabemos ou deveríamos saber que ela em si é uma coletânea de uma serie de livros com características bem peculiares, mas que basicamente se divide em dois principais grupos: O antigo testamento que não se tem uma idéia certa de quando foram redigidos (Algo em torno de 1.300 a.C e 100ª.C) mas como acontecia com várias culturas, sua génese veio de tradição oral e o Novo testamento foi escrito muito depois da morte de cristo. [Antiguidade por antiguidade, por que a Teogonia não é o livro sagrado do mundo? Bem, se você entender isso vai entender porque não acredito na bíblia ... Oh! Isso é uma frase áteia que vi em algum lugar: "No fundo somos todos ateus, só acredito em um deus a menos do que você"]. A antiguidade dos textos é tão remota que sua veracidade é completamente questionável, por se tratar de um numero significante de livros avulsos sempre houve muita dificuldade em definir o que é a “verdadeira bíblia”, ou melhor, o que é válido e o que não é válido como “escrituras sagradas”, Para se ter uma idéias, as cartas de Paulo são discutidas até hoje, textos em grego e não em hebraico também foram alvo de muita critica. Há uma discrepância gigantesca entre o antigo e o novo testamento, tanto que uma das principais críticas à sua questão é “conciliar” o antigo com o novo (Tanto que judeus simplesmente ignoram o novo testamento como outras tradições mais antigas e muitas outras crenças abraçam apenas a proposta de Jesus por ela ser bem mais “bonitinha” do que a do amedrontador Javé), um exemplo básico: No novo testamento, Jesus impede que Madalena seja apedrejada, contudo aqueles homens estavam apenas seguindo os mandamentos de Javé presentes no antigo testamento. Há quem busque explicar esses eventos “criando” interpretações bem estranhas que no fundo não tem sentido nenhum, como comentados em postagens anteriores, nossa inclinação para o oculto nos leva a querer encontrar sentido nessas coisas, por isso que a astrologia é uma mania do povo... Quando os Pergaminhos do mar morto foram encontrados, a galera crente adorou! Os textos eram muito antigos e pela leitura deles percebeu-se que pouca coisa mudou em relação aos textos bíblicos que chegaram até nós, legal, mas tinha uns textos diferentes que balançavam a tradição da crença, a solução? Simples! “Vamos ficar com esses textos aqui que ajudam a justificar e demonstram a Antigüidade das escrituras, mas esses outros aí a gente finge que não existe...” E mais uma vez tampando o sol com a peneira! Mas é assim que as coisas funcionam em relação à interpretação da Bíblia. Bem, se você não sabe, Não existe qualquer evidencia da existência de Jesus então não é prudente considerar como “fatos” o sepultamento de Jesus muito menos a idéia de sua ressurreição. Os historiadores podem querer provar sua existência por uma questão pessoal de fé, mas há muitos outros historiadores que discordam que esse individuo tal como é descrito tenha sequer existido ou mesmo se existiu alguém parecido. Isso acontece, por exemplo, com Sócrates (470-399 a.C), tudo o que sabemos dele é por meio das obras de Platão e outro discípulo, então há quem duvide de sua existência, eu realmente acho que o que temos de Sócrates pode não ser realmente o que ele foi, mas acredito que a pessoa deve ter existido. Mas como poderia alguém ser tão famoso e influente no mundo e não existir? Bem, pergunte para o Papai Noel... Por Zeus! A narração da Bíblia é tão humana (Para contrariar a idéia de uma inspiração de um deus onisciente) que você percebe pelos fatos anti-científicos como, por exemplo, dizer que o homem veio do pó/barro (Se ele dissesse da água a gente podia até fingir que é simbólico), Surdez, cegueira e doenças mentais são causadas por demônios, que a terra não se move, que o céu é fixo como um espelho... Coisas de homens de mais de 2000 anos atrás que nem imaginavam que um dia a gente iria até a lua... [Por que eu não mostro onde isso está na bíblia? Clique aqui]. Mas tudo bem, vamos ignorar esses detalhes também, porque o importante é a mensagem do amor! Bem, dizer que a Bíblia foi importante historicamente é inegável, seria isso ou crer em Alá e francamente prefiro a hipocrisia ocidental do que a cultura não-laica do povo de lá. Contudo as noções de valores propostas na Bíblia além de serem abstratas e muitas vezes incoerentes (Pelo menos para quem não lê só quer enxergar as partes “bonitinhas”), perdem o sentido se você parar para pensar que muito antes de cristo já tinha muita gente bacana como, por exemplo, Buda! Mas para que usar algo tão espiritualistas? Vamos ficar com os filósofos antigos da Grécia, Homens que estavam à frente de seu tempo, derrubaram os mitos dos deuses e abriram as portas para a racionalidade, desenvolveram idéias sobre a questão do bem, da moral, convívio social, da ética etc. Com base na própria razão e não em um deus (Cujas características são da inexistência: inefável, inimaginável, invisível...). Essa atitude dos gregos, embora eu seja suspeito para falar ,me parece muito mais grandiosa do que falar que um “cara” com poderes supremos governa o mundo e tem uma “cartilha” de coisas que você deve fazer por ele para não se ferrar... Porque embora ele te ame, vai te detonar rs [É como se você em vez de falar com seu filho sobre sexo, se limite a dizer que é errado e “papai do céu” vai te punir] O pensamento bíblico se espalhou pelo mundo por causa do poderio romano por isso veneramos um suposto deus pregado em uma cruz e não uma vaca, uma questão puramente histórica e cultural, como dizer para o mulçumano que a crença dele não tem sentido? Ele tem as mesmas características que nós, ele tem o livrinho antigo, inspirados por um criador, com normas e leis sagradas! Por sinal Jesus não é o Messias e quem o segue vai para o inferno com ele na tradição deles e ninguém vai conseguir provar para eles o contrário, isso sim é um fato. O que me lembra: Fato, é algo que pode ser demonstrado, evidencia é algo que não existe em relação a deus, nessa questão só há interpretações e pontos de vista... O meu você já sabe; Meu amigo imaginário não cresceu... [Futuramente pretendo trabalhar a “teoria da evolução”, porque percebo que as pessoas acham que “teoria” é o mesmo que “especulação” ou “chute”, ignorância pura porque a evolução das formas de vida mais simples até nós, é um fato].

segunda-feira, 8 de março de 2010

"A única certeza que temos, é de que vamos morrer um dia..."




Normalmente, entende-se que o ateu é uma pessoa desesperada por não encontrar sentido na vida, o que já foi mais de uma vez comentado por aqui como uma tremendo julgamento erróneo, As pessoas julgam que o sentido da vida deve cair sempre na questão de deus. Quantas vezes após descobrirem que sou ateu me perguntaram:

“Então para que/por que você vive?”

Como se viver implicasse necessariamente na fé de que isso aqui é passageiro e governando pelo ser onisciente/onipotente... Para mim isso nunca fez sentido.

Tratando-se sobre a relação com a morte comecei a idealizar essa postagem com muito humor e requintando ela com sarcasmo uma questão tão séria, mas mudei o foco quando encontrei um material de trabalho para desenvolver minha reflexão:

Embora seja levado a leituras propriamente filosóficas pelo trabalho, busco ler coisas paralelas e em uma de minhas pesquisas na biblioteca de uma das escolas que leciono encontrei um livro de Carl Sagan que em inquietou, trata-se de “Bilhões e Bilhões – Reflexões sobre vida e morte na virada do milênio. Na época estava trabalhando “problemas éticos” e um dos temas era “aborto” que por sinal era material de reflexão de um dos capítulos desse livro e acabou contribuindo para o trabalho que estava desenvolvendo.

O livro me surpreendeu pelas temáticas que renderiam postagens em “Por Zeus!” uma vez que já tinha em mente fazer uma espécie de relatório de leitura, Não só de livros da vertente ateia como também esses religiosos ou de alto ajuda (Sim, eu ia ler um desses só para termos algo para rir quando minha criatividade critica ateia se esgotasse).

Não cheguei a ler o livro inteiro, fiquei saltando de capitulo em capitulo mais por interesse por temas não seguindo uma leitura linear. Quando cheguei no ultimo capitulo chamado “No vale das Sombras” que tinha como subtítulo a frase:

“Será isso verdade ou mera fantasia vã?”
Euripides, Íon (Cerca de 410 a.c)


O capitulo apresenta a postura de Sagan diante da morte:

“Já encarei a morte seis vezes. E seis vezes a morte desviou seu olhar e me deixou passar. É claro que vai acabar me levando - como faz com todos nós. É só uma questão de quando e como”.

(...)

“Gostaria de acreditar que, ao morrer, vou viver novamente, que a parte de mim que pensa, sente e recorda vai continuar. Mas, por mais que deseje acreditar nisso, e apesar das antigas tradições culturais difundidas em todo o mundo que afirma haver vida após a morte, não sei de nada que me sugira que essa afirmação não passa de wishful thinking.”

A fuga intelectual promovida pela religião ou simplesmente para alguns teístas alienados é atacar o movimento ateu com fofocas sem qualquer embasamento, dentre eles de que no fim da vida alguns ditos ateus se convertem, por sinal, eu não conheço um caso sequer, ou que diante do perigo o ateu vai se voltar a deus como todos. O que afirmo por experiência própria ser somente mais um argumento infantil.

As pessoas se dizem profundamente religiosas, dizem acreditar no tal mundo mágico pós vida.
[Muitos cristãos ignoram a ideia de ressurreição da carne a acreditam que existe o tal céu, mas já falamos que o povo não lê bíblia...]

Mas na “hora H”, demonstram seu profundo desespero e incompreensão dos próprios sentimentos relacionados à morte, normalmente espíritas tendem a ser mais tranquilos talvez por manterem um sentimento de não perda afinal vão manter “contato” com seus entes queridos rs.

Ou seja, a religião normalmente nós propõe o sentido da vida, nós diz de onde nós viemos quem nós somos e para onde vamos, mas na pratica a crendice puramente comodista não surte efeito para acalmar as pessoas como deveria.
[É claro que sempre há exceções, mas se tratando dessa questão onde a maioria diz crer ou ter fé, deveria ser algo bem mais comum]

Para mim essa enganação proposta é tão infantil que me doe, será que isso não seria apenas um dos fatores que mantivessem a fé existente? Tipo, simplesmente saber encarar a morte, mas no fundo as pessoas levam isso tão a serio quanto ou seja, não acreditam...

Então vamos ver o que mais Sagan pode dizer sobre isso:

“Se houvesse vida após a morte, eu poderia, não importar quando morresse, satisfaz a maioria dessas profundas curiosidades e desejos. Mas se a morte nada mais é do que um interminável sono sem sonhos, essa é uma esperança perdida. Talvez essa perspectiva tenha me dado uma pequena motivação extra para continuar vivo”.

É o que já vimos por aqui, enquanto entende-se que ser ateu faz vida perder o sentido, na verdade tem o efeito contrário, a vida ganha mais força e sentido.

Mas seria apenas uma questão de conforto para o enfermo? Particularmente não vejo que mentira seja algo bom mesmo com todo esse papo de “boas intenções”, talvez seja por isso que relações humanas sejam tão complicadas perto de mim, muitos tem uma tendência de viver na mentira e ilusão algo que abomino e acabo ferindo pessoas que gosto...

[Acho tão horrível esses “ritus” cristãos de velar os mortos, é algo que tende a deixar a situação mais triste e negativa... por sinal, acho que cremar deveria ser gratuito e difundido e quem quer ter o luxo/frescura de ter um tumulo para sim pagaria caro, mas o que acontece é o contrario “Cremar é coisa de rico”...]

Chegando ao fim de minha analise desse capitulo do livro de Sagan acrescento uma reflexão que achei ótima:

“Cinco mil pessoas oraram por mim numa cerimônia pascal na catedral de St.John the Divine, na cidade de Nova York, a maior igreja da cristandade. Um sacerdote hindu relatou uma grande vigília de orações realizadas para mim n s margens do Ganges. O imã da América do Norte me falou de suas orações para minha recuperação. Muitos cristão e judeus me escreveram para me falar de suas preces. Embora eu não ache que , se há um deus, o seu plano para mim será alterado por orações, sou mais grato do que posso dizer com palavras àqueles – inclusive a tantos que jamais conheci – que torceram por mim durante a minha enfermidade” .

Sagan foi/ é mundialmente reconhecido pelo seu trabalho,no décimo aniversário do falecimento dele, esta nota foi publicada em seu site oficial por Ann Druyan:

“É provável que, se você veio aqui para se juntar a mim em um ato de recordação neste décimo aniversário da morte de Carl, você já conheça bem as numerosas realizações científicas e culturais do homem. É provável que você saiba que ele desempenhou um papel principal na exploração de nosso sistema solar, que ele acrescentou algo a nosso conhecimento das atmosferas de Vênus, Marte e Terra, que ele abriu caminho a novos ramos de investigação científica, que ele atraiu mais pessoas ao empreendimento científico que talvez qualquer outro ser humano e que ele era um cidadão consciencioso tanto da Terra como do cosmo. Talvez você seja um de muitos que foi levemente empurrado a uma trajetória de vida diferente pela atração gravitacional de algo que ele disse ou escreveu ou sonhou. Em minha estimativa parcial, ele era uma figura histórica mundial que nos incentivou a deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” de nossa infância e abraçar a vastidão — amadurecer ao tomar as revelações da revolução científica moderna de coração”.

No epílogo desse livro que abordamos, Ann Druyan diz que diante da morte de Carl um grande número de pessoas se manifestou e que isso segundo ela:

“Esses pensamentos permitem que eu sinta, sem recorrer ao sobrenatural que Carl vive.”

Acho que me perdi em pensamentos...
Abraço




PS: Cremar é visto como ato de heresia (Hábito de povos pagãos da antiguidade) pois vai contra a ideia de ressureição do corpo ...

terça-feira, 2 de março de 2010

Todo filósofo é ateu!




Não, nem todo filósofo, professor ou estudante de filosofia é ateu...


[Algo até óbvio se você parar para pensar que muitos padres fazem filosofia antes de vestir suas batinas ou mesmo que na história da filosofia são poucos os filósofos oficialmente ateus]

Quando entrei na faculdade eu me considerava um cético (duvidava) enquanto um grande amigo se dizia mais agnóstico (Em cima do muro), no decorrer do curso adotamos posturas radicais, ele resgatou sua “fé”, eu por outro lado abracei o ateísmo...
Eu não sei se poderia dizer que a filosofia me levou ao ateísmo, ele já existia em mim como que por instinto, mas acredito que a reflexão tende a corroer e não a sustentar a fé religiosa com seus dogmas típicos.
[Mas, podemos falar em um "deus racional", bem filosófico, mas isso eu deixo para uma próxima postagem]

Acho que o que me puxou de vez foi o convite de Richard Dawkins convocando os ateus a se revelarem, foi uma mensagem envolvente, Afinal, ser ateu em um mundo onde mais de 90% do povo crê em algum tipo de deus, você ser ateu é uma postura naturalmente conflitante.
[Já disse anteriormente que a intolerância religiosa é mais pesada para os ateus do que para os teístas entre si, pelo simples motivo de que não importa qual religião você siga, quando debate com outra pessoa o conflito se limita a “interpretações”, agora eu dizer que não acredito e que não vejo sentido em um deus é como se você estivesse chamando aquele que crê de idiota, ele entende isso e muitas vezes não vamos ter uma dialogo saudável].

É como s e você estivesse no cenário do “Exterminador do futuro – A Salvação” e ouvisse no rádio a chamada de John Connor: Se você está ouvindo isso, você é a Resistência!

Então saber que “não estamos sozinhos” ideologicamente falando é ótimo! Principalmente com aquele papo de que isso é uma “fase”, aí você encontra esses “vovôs” como Dawkins defendendo o ateísmo e pessoas grandiosas como Carl Sagan e o inteligentíssimo Sam Harris assumindo com orgulho, Povo que enfrenta as supertições e combate a ignorância para um amadurecimento da humanidade...


é... é... “divino!”
(Para ser irónico rs )

[Afinal o ateísmo é visto como imaturidade por muitos, como uma espécie de “rebeldia sem causa”, e hoje nós vemos que não é tão simples assim, há uma causa...]

Eu me sentia estranho e desconfortável com demonstrações fervorosas de fé, eu dizia para mim mesmo: “Será que eu estou cego?”. Hoje vejo que não tem nada de errado em “não crer em deus”, culturalmente falando é o que se tenta passar e impregnar na mente das pessoas, mas não tem nada de errado, não há sentido algum em ter vergonha de ser ateu porque definitivamente, não somos “nós” que estamos delirando...

PS: Quer uma lista de Filósofos ateus? Bem, veja ateus famosos.
(Vai se surpreender, a lista é grande mas insignificante diante da contra parte)

PS 2 : A imagem de exibição O "A escarlate" simbolo da Out Campaign , movimento ateista.