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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Existem vários sentidos para a vida. Ter algum deus não é essencial...





No século XVIII, um camarada chamado
Soren kierkegaard escrevia na historia da Filosofia sua contribuição quase como se estivesse abrindo as portas para o “existencialismo”.

O simpático Kierkegaard escreveu muita coisa, mas uma ideia em especial me chamou atenção...
Kierkegaard praticamente “rotulou” o ser humano de maneira muito interessante em três “estágios da vida”, segundo ele, o homem diante da angústia (vertigem da liberdade/ existência etc) acaba adotando uma postura para superar o grande problema do “sentido da vida”. Eles fazem sentido, mas são bem questionáveis e veremos:

Resumindo de maneira (muito) grosseira, ele dizia que um sujeito poderia viver uma vida “Estética”, focando os prazeres, a busca máxima da satisfação pessoal, etc. Estágio da vida que ele representou através do famoso “Dom Juan”. Afinal, você não sabe o que vai acontecer amanhã, então aproveite ao máximo o presente! Certo? Bem, este sujeito é um “desesperado” que busca se ludibriar, basicamente um alcoólatra existencial rs

O que me lembra um aforismo meu:


Se para ti, a vida é só "curtição", ignore-me;

Sou demasiadamente humano...


Em referência a máxima de Heráclito:


"...caso a felicidade consistisse nos prazeres ... nomear “bois felizes” ao encontrar ervilhas para comer"


Já na vida Ética, o sujeito surge com idéias e concepções mais maduras, resolvendo criar valores mais “sérios” ou simplesmente “significativos” para sua existência, daí a representação dessa postura como o “Bom marido”. Contudo, Este sujeito não supera completamente sua “angustia existêncial”, apenas sobrepuja pequenas questões ao ter objetivos mais “nobres”;


Eis que temos a resposta para o “sentido ultimo da existência”! No estágio religioso, o homem se colocaria acima da materialidade e até da ética! Superando toda a angústia da vida... Somente com deus você terá paz de espírito, respostas, sentido, realização etc...

Aí temos um probleminha não é?
[Na verdade um problemão, aqui nasce a base para o Fundamentalismo...]

Que muita gente acha que deus é o sentido da vida tudo bem, mas achar que sem ele é impossível alguém ser feliz, realizado etc. É um pouco de ignorância;

Ignorância vem de “ignorar”, nesse caso tem tudo a ver! A pessoa ignora o fato simples de que nem todos necessitam de um deus para suas vidas terem sentido, para serem felizes, para serem boas pessoas, virtuosas etc.

Já comentamos sobre isso aqui em postagens sobre a questão do laicismo e na postagem “Se deus não existe tudo é possível!”

Minha perspectiva é até simples: Por exemplo, se existiu alguma evolução moral na humanidade, ela não aconteceu por seguirmos a bíblia, na verdade, pelos questionamentos de seus dogmas. A promoção da tolerância e do respeito à diversidade não é uma característica religiosa...

Mas voltando ao assunto inicial. Sou ateu, o sentido da vida para mim, é basicamente o fato de que essa vida é uma experiência única e insubstituível, devendo ser valorizada em todas as suas esferas, busca por mais conhecimento, promoção da afetividade, do respeito etc.
[O meu “valorizar” a vida não é como muitos que vivem no estágio “estético” mencionado por Kierkegaard, que para mim se assemelha a uma vida animal e não propriamente humana. Acho que se eu fosse “enquadrado” em um desses estágios, com certeza seria o da vida ética. Felizmente, tudo é bem mais complexo para isso ser possível...]

A partir do momento que encarei tudo como único, tudo fez mais sentido para mim, apostar em redenções, outras vidas, lugares melhores etc, é um lance arriscado demais quando a gente percebe que não há certezas absolutas, principalmente se tratando de deus e do sentido de nossa existência...

Por Zeus!

Não espero recompensas por buscar ser uma boa pessoa, estar bem comigo mesmo, com minha consciência é o suficiente...


Não espero encontrar as pessoas que amo em outra vida, então eu tenho que amá-las o máximo possível nessa vida...

Todos nós somos únicos, mas não passamos de poeira estelar...

“Todos nós estamos caminhando para o abismo da inexistência...
Mas isso não é o triste;

O triste é que as pessoas ao invés de serem solidárias umas com as outras nesse destino trágico, preferem se destruir e magoar mutuamente...

Desperdiçando a única chance que tem de fazer isso aqui valer a pena...”


(Reflexão do meu natalício 01/08/2011)

Grande abraço.



PS : Devo aproveitar o momento para falar sobre a questão do “d”eus e não Deus. Muita gente acha que é propositalmente uma ofensa de minha parte, mas não é simples assim, quando umas pessoas falam em Deus com maiúscula seria basicamente a aposta do “verdadeiro deus”, normalmente usamos aqui a minúscula por que me refiro a ideia genérica de deus/divindade... Ah! Além do mais, eu não acho que tenha um verdadeiro deus para ser escrito com a letra maiúscula...

PS 2:

"...Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,

Sem dúvida que viria falar comigo

E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me,
Aqui estou!..."


(Há metafísica bastante em não pensar em nada. "O guardador de rebanhos", Alberto Caeiro ou simplesmente "tio" Pessoa.)