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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

"Fear of Missing Out”




Devido ao desgaste mental que senti diante de constantes debates nas redes sociais, resolvi dar um tempo, continuei olhando, curtindo uma coisa ali outra aqui, mas diminui radicalmente a minha atividade online (Mesmo porque, o trabalho me obrigando a estar online frequentemente me deu um sentimento de sobrecarga).

Eu me deleguei a tarefa de combater mentiras e desinformação (reflexo do meu ofício como professor de filosofia) mas me senti cansado, os debates políticos e ideológicos se estenderam aos contextos mais diferenciados. Até em fóruns de jogos de vídeo game, temos debates sobre “lacração”, “mimimi” e politicamente correto.

Um jogo com protagonista lésbica é acusando de querer “lacrar”, Quando você joga, vê que a orientação sexual da personagem não faz diferença alguma, Contudo, mesmo explicando isso para alguém de fora, ela insiste na crítica ...

O mesmo acontece em assuntos de imensa importância na atualidade como a Pandemia, as discussões se tornaram irrelevantes ao passo que um grupo de pessoas está disposta a negar toda a realidade (a ciência, os fatos etc) para insistir em uma agenda ideológica, como?

Você está diante de um fato, mas se agenda ideológica de um indivíduo o condiciona a não aceitar esse fato, ele passa a militar contra aquilo, disseminando mentiras (fakenews) e desinformação, geralmente com a ironia e deboche dos famosos “memes”.

Você pode desmascarar o argumento, a mentira etc, que vai se deparar com uma nova postagem falando a mesma coisa. Tudo isso se torna extremamente cansativo, essa luta contra a cegueira que é o viés de confirmação (Tendência de aceitar e acreditar somente naquilo que reafirma suas crenças iniciais, um erro de raciocínio indutivo).

E assim, eu dei um tempo, o que me levou a viver novamente o fenômeno do “Fear of Missing Out”, que eu desconhecida mas já deduzia. Pode ser traduzido como “medo de estar perdendo algo” é o sentimento de estar alienado e perdido por não estar participando da vida conectada das redes.

Se eu não posto nada, os algoritmos das redes me deixam de lado, (Isso já acontece no esquema de bolhas sociais) o que me levou a questão filosófica do “sentimento de não existir” por não estar ativo nas redes.

As pessoas desejam feliz aniversario porque as redes as lembram, mas não necessariamente porque a pessoa se importa, daí ser muito comum pessoas postarem contagem regressiva e “parabéns para mim” invocando a atenção, o sentimento de existir e estar conectado, uma carência existencial triste que pelo visto é mais uma faceta dos imensos prejuízos psicológicos que celulares e as redes sócias desencadearam.

Veja que as pessoas tendem a ser bem mais ativas quando estão solteiras, mas ao passo que entram em um relacionamento, diminuem sua atividade online pois passou a ter atenção particular? Impressão minha?

Se outrora as pessoas já lutavam para criar uma identidade, se sentirem vivas, especiais, diferentes. Hoje em dia podemos dizer que houve um “upgrate” das crises existenciais. Afinal, percebe-se que essa geração está marcada por crises de ansiedade, depressão etc, e se cada vez mais, estamos dependentes dessas mesmas redes para trabalho e o dia a dia, como se curar? 




Sugestão de filme: Into the wild (Brasil: Na Natureza Selvagem)



Sobre os desfechos negativos dessa tecnologia toda, vejam: