Devido ao desgaste mental que senti diante de
constantes debates nas redes sociais, resolvi dar um tempo, continuei olhando,
curtindo uma coisa ali outra aqui, mas diminui radicalmente a minha atividade
online (Mesmo porque, o trabalho me obrigando a estar online frequentemente me
deu um sentimento de sobrecarga).
Eu me deleguei a tarefa de combater mentiras e
desinformação (reflexo do meu ofício como professor de filosofia) mas me senti
cansado, os debates políticos e ideológicos se estenderam aos contextos mais
diferenciados. Até em fóruns de jogos de vídeo game, temos debates sobre
“lacração”, “mimimi” e politicamente correto.
Um jogo com protagonista lésbica é acusando de
querer “lacrar”, Quando você joga, vê que a orientação sexual da personagem
não faz diferença alguma, Contudo, mesmo explicando isso para alguém de fora,
ela insiste na crítica ...
O mesmo acontece em assuntos de imensa
importância na atualidade como a Pandemia, as discussões se tornaram
irrelevantes ao passo que um grupo de pessoas está disposta a negar toda a
realidade (a ciência, os fatos etc) para insistir em uma agenda ideológica,
como?
Você está diante de um fato, mas se agenda
ideológica de um indivíduo o condiciona a não aceitar esse fato, ele passa a
militar contra aquilo, disseminando mentiras (fakenews) e desinformação,
geralmente com a ironia e deboche dos famosos “memes”.
Você
pode desmascarar o argumento, a mentira etc, que vai se deparar com uma nova
postagem falando a mesma coisa. Tudo isso se torna extremamente cansativo, essa
luta contra a cegueira que é o viés de confirmação (Tendência de aceitar e
acreditar somente naquilo que reafirma suas crenças iniciais, um erro de
raciocínio indutivo).
E
assim, eu dei um tempo, o que me levou a viver novamente o fenômeno do “Fear of Missing Out”, que eu desconhecida mas já deduzia. Pode
ser traduzido como “medo de estar perdendo algo” é o sentimento de estar
alienado e perdido por não estar participando da vida conectada das redes.
Se eu não posto nada, os algoritmos das redes
me deixam de lado, (Isso já acontece no esquema de bolhas sociais) o que me
levou a questão filosófica do “sentimento de não existir” por não estar ativo
nas redes.
As pessoas desejam feliz aniversario porque as
redes as lembram, mas não necessariamente porque a pessoa se importa, daí ser
muito comum pessoas postarem contagem regressiva e “parabéns para mim”
invocando a atenção, o sentimento de existir e estar conectado, uma carência existencial
triste que pelo visto é mais uma faceta dos imensos prejuízos psicológicos que
celulares e as redes sócias desencadearam.
Veja que as pessoas tendem a ser bem mais ativas
quando estão solteiras, mas ao passo que entram em um relacionamento, diminuem
sua atividade online pois passou a ter atenção particular? Impressão minha?
Se outrora as pessoas já lutavam para criar uma identidade, se sentirem vivas, especiais, diferentes. Hoje em dia podemos dizer que houve um “upgrate” das crises existenciais. Afinal, percebe-se que essa geração está marcada por crises de ansiedade, depressão etc, e se cada vez mais, estamos dependentes dessas mesmas redes para trabalho e o dia a dia, como se curar?