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domingo, 21 de abril de 2013

“Não existe ateu em avião que está caindo”




Certa vez, encontrei na internet um “teste” em um site bem humorado/ateu onde havia a pergunta: 

“Por que você acredita em deus?”;

Das respostas possíveis destacavam-se a meu ver: 

“Um arbusto flamejou-se e me disse”
“Seu amigo imaginário cresceu”  

...e finalmente a “Experiência de quase morte”;

Essa sem dúvida era um enigma para mim, que remete a frase título dessa postagem. 

O teísta afrontado pela perspectiva ateia que nega algo que lhe é tão importante ao ponto de justificar sua existência, normalmente se esconde atrás da esperança de que o ateu mente e que no fundo, ele também acredita que há um deus...

Bem, como nunca havia passado por algo parecido, só podia me contentar em dizer que em momentos de “aperto”, conto apenas comigo mesmo e nunca penso em um deus para me ajudar... 
Até que tive minha experiência de quase morte:

Em dezembro do ano passado, sofri um acidente na estrada. Sai da pista e me choquei contra um monte de terra. Das várias probabilidades naquele evento, eu tive uma das melhores possíveis, dano puramente material ao ponto de sair andando do carro... Senão fosse o monte de terra eu poderia ter caindo em um pequeno “abismo” cheio de árvores, se ao invés de acelerar quando sai da pista e estava no barranco, eu tivesse freado, teria capotado no meio da pista, ou simplesmente entrado em uma pequena estrada de terra que estava próxima e parado sem nenhum problema... Ou seja, infinitas possibilidades, umas nada agradáveis...

Na hora eu fiquei meio “lesado”, não pensei em nada sobre o assunto até que depois começaram a vir àquelas perguntas clássicas: 

“Agora você acredita em Deus não é?”

Bem, confesso que tive uma realmente uma “epifania” depois sobre aquilo tudo e não havia margem para qualquer deus ali. Naqueles segundos de “câmera lenta” em que você vê a vida diante dos seus olhos, eu apenas constatei a fragilidade da carne e como a vida é definitivamente preciosa...

Uns insistem que instintivamente sentimos algum deus e que isso seria inclusive uma prova de sua existência. Contudo, eu aposto justamente no contrário:

Instintivamente percebemos nossa insignificância diante do universo, buscamos tampar esse “vazio existencial”, essa “angustia” com alguma ilusão que justifique e que diga o contrário, que somos um projeto importante, que existe algo além dessa matéria, que a realidade com toda a sua dor é apenas passageira e que algo maravilhoso nos espera depois disso tudo...

Não tenho esse aconchego... E depois de minha experiência de quase morte ficou mais evidente para mim que não há nada além disso...

Freqüentemente ataca-se o a realismo ateu acusando-o de simplificar a vida, que isso que acabei de comentar é algo pessimista e que tira toda a beleza da vida, se somos apenas “carne” que nasce cresce e morre sem sentido algum...

Por Zeus!

Realmente discordo de tal crítica. Tudo definitivamente passa a ter mais valor, a vida, o amor, a amizade, cada subjetividade é um evento único e importantíssimo! Isso justifica e dá sentindo verdadeiro à existência de um ser! 

E ao meu ver, funda um “materialismo ético” que dá margem a todos os valores humanos como por exemplo:  A liberdade!  A minha termina onde há liberdade do outro, pois ele como eu, é um ser incrivelmente importante e único, detentor dos mesmos direitos e conseqüentemente “deveres”... (Aqui já entramos em um assunto filosófico demais rs)

Despeço-me com um aforismo de minha autoria que simplifica bem o que quero dizer:

Todos nós estamos caminhando para o abismo da inexistência...
Mas isso não é o triste;
O triste é que as pessoas ao invés de serem solidárias umas com as outras nesse destino trágico, preferem se destruir e magoar mutuamente... 
Desperdiçando a única chance que temos de fazer isso aqui valer a pena...


PS: Em um avião caindo eu diria: “Pelo menos não vai doer”rs

PS 2: Uma aluna me perguntou se depois daquilo eu achava que minha vida valia a pena e eu me limitei a dizer que “Acho que sim”. 
Dois dias depois, na colação de grau dos meus formandos, fui homenageado por cinco das seis turmas com quem trabalhei por apenas um ano...
(Isso não se deu por causa do acidente, já havia sido planejado antecipadamente)
Então, reitero a resposta à pergunta: 
“Sim, minha vida vale muito a pena”

PS 3: É por isso que nas relações humanas, adoto a postura da honestidade e da verdade. 
Acho terrivelmente cruel iludir alguém fazendo esta perder seu tempo.
O tempo de todo mundo é precioso...



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