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sábado, 7 de maio de 2011

Se a inquisição me pegasse, eu admitia o que eles quisessem de uma vez...




Sabe quando você não tem nada para fazer e apela para um filmezinho?

Pois bem, “Morte negra” (Black Death) aparece assim na minha vida.

Pela capa eu via guerreiros medievais que pela sinopse caçariam bruxas em nome da igreja, a velha desculpa para você ver umas lutas de espada e uns poderes demoníacos, acrescente um final “tenha fé” e bingo, receita de bolo de filmes medievais meia boca...
[Veja o trailer clicando aqui]

Mas não foi isso que aconteceu!

Eis a sinopse:

A Inglaterra medieval é atingida por uma praga. Mas uma esperança surge quando um grupo de homens descobre uma aldeia que não foi afetada pela doença. A jornada é traiçoeira e cheia de perigo, incluindo bandidos e bruxas que vão colocar a fé desses homens à prova. Eles acham que já viram de tudo, mas quando entram na vila, o verdadeiro horror os surpreende.

Um começo que lembra e muito o clássico “Em nome da rosa” deixou-me surpreso, afinal “cadê as bruxas decapitadas” eu pensei. Os filmes geralmente te socam uma sequência de ação inicial para te cativar, mas esse não teve.

A questão é simples: Mas por que diabos isso está acontecendo? A peste era uma maldição divina? Eles não sabiam, mas os personagens estavam atrás era de hereges, satanistas e necromantes que abandonaram deus.
O alvo: um vilarejo onde deixaram deus de lado e a peste não haviam chegado (Isso a sinopse não falou rs).

[Hoje em dia sabemos que a peste aconteceu por pura falta de higiene e todos os fatores decorrentes disso... Os ratos fizeram a festa!]

O humor negro do filme revela-se bem crítico o que me fez vibrar com a inteligência das abordagens:

“Dizem que ele é assassino, ladrão e violador de mulheres, mas fora isso, é um bom homem”
[Ri demais com o pretexto de uma conversa para descrever os personagens]

Não é a primeira vez que trago aqui em Por Zeus! Uma reflexão sobre filmes, mas o que “Morte negra” teria para nós dar? Um relato muito interessante de como fé e ignorância costumavam (Ou costuma?) caminhar lado a lado e como isso pode ser perigoso ou simplesmente trágico como o final do filme...

A inquisição foi um dos períodos mais negros da história da igreja basta você pensar que se você demonstrasse algum conhecimento “mais científico” ou “racional” não seria bem visto. Caso você fosse um infeliz acusado de qualquer coisa, a tortura comia quente para cima de ti e você admitiria qualquer coisa!
[No “Em nome da rosa”, isso é abordado brilhantemente em uma cena, quando o inquisidor questiona um frei, logo para sair da tortura o personagem foi enfático: “Eu admito tudo!” e o inquisidor pergunta: “Por quê?” E o frei não sabia responder tendo que inventar um motivo para ter se distanciado da fé... tudo para não ser torturado e morto de uma vez rs]

Alguns mártires não se intimidavam com a condenação da igreja como Giordano Bruno (1548 /1600) que disse:

“É profundamente injusto submeter-se, sujeitar-se ou crer apenas por costume. É algo irracional conformar-se com uma opinião pelo número de pessoas que a possuem”.

Outros não tinham ideias tão belas sobre morrer em nome do seu ideal como por exemplo Galileu. Por sinal, vimos em postagens passadas (Veja clicando aqui) que ele preferiu desmentir tudo o que acreditava para viver e continuar suas pesquisas...

Por Zeus!
A igreja promoveu muita ignorância por séculos e se você prefere acreditar em criacionismo ao invés de tentar entender um pouco do evolucionismo, você seguiu a tendência... Mas voltando ao filme, pude perceber questionamentos bem filosóficos como, por exemplo:

“Por que você trocou deus por ela?”

“Porque ela é real...”

E no fim, eu fiquei me perguntando: qual foi a mensagem do filme? O final era para ser assim mesmo? Só sei que eu gostei, achei a parada muito crítica e dá margem para se contextualizar tranquilamente isso nos dias atuais onde pessoas morrem em nome de causas supostamente nobres e divinas sem qualquer respaldo racional.

Ah! falar em inquisição é até clichê crítico, isso é passado não é mesmo? Mas o fanatismo religioso que pode promover morte não...

PS: A imagem de hoje é de um site bem bacana: Livres Pensadores

PS
2: Adorei o papel de Carice Van Houter como “bruxa”. Sua estética mesclou elementos angelicalmente diabólicos rs

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