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segunda-feira, 8 de março de 2010

"A única certeza que temos, é de que vamos morrer um dia..."




Normalmente, entende-se que o ateu é uma pessoa desesperada por não encontrar sentido na vida, o que já foi mais de uma vez comentado por aqui como uma tremendo julgamento erróneo, As pessoas julgam que o sentido da vida deve cair sempre na questão de deus. Quantas vezes após descobrirem que sou ateu me perguntaram:

“Então para que/por que você vive?”

Como se viver implicasse necessariamente na fé de que isso aqui é passageiro e governando pelo ser onisciente/onipotente... Para mim isso nunca fez sentido.

Tratando-se sobre a relação com a morte comecei a idealizar essa postagem com muito humor e requintando ela com sarcasmo uma questão tão séria, mas mudei o foco quando encontrei um material de trabalho para desenvolver minha reflexão:

Embora seja levado a leituras propriamente filosóficas pelo trabalho, busco ler coisas paralelas e em uma de minhas pesquisas na biblioteca de uma das escolas que leciono encontrei um livro de Carl Sagan que em inquietou, trata-se de “Bilhões e Bilhões – Reflexões sobre vida e morte na virada do milênio. Na época estava trabalhando “problemas éticos” e um dos temas era “aborto” que por sinal era material de reflexão de um dos capítulos desse livro e acabou contribuindo para o trabalho que estava desenvolvendo.

O livro me surpreendeu pelas temáticas que renderiam postagens em “Por Zeus!” uma vez que já tinha em mente fazer uma espécie de relatório de leitura, Não só de livros da vertente ateia como também esses religiosos ou de alto ajuda (Sim, eu ia ler um desses só para termos algo para rir quando minha criatividade critica ateia se esgotasse).

Não cheguei a ler o livro inteiro, fiquei saltando de capitulo em capitulo mais por interesse por temas não seguindo uma leitura linear. Quando cheguei no ultimo capitulo chamado “No vale das Sombras” que tinha como subtítulo a frase:

“Será isso verdade ou mera fantasia vã?”
Euripides, Íon (Cerca de 410 a.c)


O capitulo apresenta a postura de Sagan diante da morte:

“Já encarei a morte seis vezes. E seis vezes a morte desviou seu olhar e me deixou passar. É claro que vai acabar me levando - como faz com todos nós. É só uma questão de quando e como”.

(...)

“Gostaria de acreditar que, ao morrer, vou viver novamente, que a parte de mim que pensa, sente e recorda vai continuar. Mas, por mais que deseje acreditar nisso, e apesar das antigas tradições culturais difundidas em todo o mundo que afirma haver vida após a morte, não sei de nada que me sugira que essa afirmação não passa de wishful thinking.”

A fuga intelectual promovida pela religião ou simplesmente para alguns teístas alienados é atacar o movimento ateu com fofocas sem qualquer embasamento, dentre eles de que no fim da vida alguns ditos ateus se convertem, por sinal, eu não conheço um caso sequer, ou que diante do perigo o ateu vai se voltar a deus como todos. O que afirmo por experiência própria ser somente mais um argumento infantil.

As pessoas se dizem profundamente religiosas, dizem acreditar no tal mundo mágico pós vida.
[Muitos cristãos ignoram a ideia de ressurreição da carne a acreditam que existe o tal céu, mas já falamos que o povo não lê bíblia...]

Mas na “hora H”, demonstram seu profundo desespero e incompreensão dos próprios sentimentos relacionados à morte, normalmente espíritas tendem a ser mais tranquilos talvez por manterem um sentimento de não perda afinal vão manter “contato” com seus entes queridos rs.

Ou seja, a religião normalmente nós propõe o sentido da vida, nós diz de onde nós viemos quem nós somos e para onde vamos, mas na pratica a crendice puramente comodista não surte efeito para acalmar as pessoas como deveria.
[É claro que sempre há exceções, mas se tratando dessa questão onde a maioria diz crer ou ter fé, deveria ser algo bem mais comum]

Para mim essa enganação proposta é tão infantil que me doe, será que isso não seria apenas um dos fatores que mantivessem a fé existente? Tipo, simplesmente saber encarar a morte, mas no fundo as pessoas levam isso tão a serio quanto ou seja, não acreditam...

Então vamos ver o que mais Sagan pode dizer sobre isso:

“Se houvesse vida após a morte, eu poderia, não importar quando morresse, satisfaz a maioria dessas profundas curiosidades e desejos. Mas se a morte nada mais é do que um interminável sono sem sonhos, essa é uma esperança perdida. Talvez essa perspectiva tenha me dado uma pequena motivação extra para continuar vivo”.

É o que já vimos por aqui, enquanto entende-se que ser ateu faz vida perder o sentido, na verdade tem o efeito contrário, a vida ganha mais força e sentido.

Mas seria apenas uma questão de conforto para o enfermo? Particularmente não vejo que mentira seja algo bom mesmo com todo esse papo de “boas intenções”, talvez seja por isso que relações humanas sejam tão complicadas perto de mim, muitos tem uma tendência de viver na mentira e ilusão algo que abomino e acabo ferindo pessoas que gosto...

[Acho tão horrível esses “ritus” cristãos de velar os mortos, é algo que tende a deixar a situação mais triste e negativa... por sinal, acho que cremar deveria ser gratuito e difundido e quem quer ter o luxo/frescura de ter um tumulo para sim pagaria caro, mas o que acontece é o contrario “Cremar é coisa de rico”...]

Chegando ao fim de minha analise desse capitulo do livro de Sagan acrescento uma reflexão que achei ótima:

“Cinco mil pessoas oraram por mim numa cerimônia pascal na catedral de St.John the Divine, na cidade de Nova York, a maior igreja da cristandade. Um sacerdote hindu relatou uma grande vigília de orações realizadas para mim n s margens do Ganges. O imã da América do Norte me falou de suas orações para minha recuperação. Muitos cristão e judeus me escreveram para me falar de suas preces. Embora eu não ache que , se há um deus, o seu plano para mim será alterado por orações, sou mais grato do que posso dizer com palavras àqueles – inclusive a tantos que jamais conheci – que torceram por mim durante a minha enfermidade” .

Sagan foi/ é mundialmente reconhecido pelo seu trabalho,no décimo aniversário do falecimento dele, esta nota foi publicada em seu site oficial por Ann Druyan:

“É provável que, se você veio aqui para se juntar a mim em um ato de recordação neste décimo aniversário da morte de Carl, você já conheça bem as numerosas realizações científicas e culturais do homem. É provável que você saiba que ele desempenhou um papel principal na exploração de nosso sistema solar, que ele acrescentou algo a nosso conhecimento das atmosferas de Vênus, Marte e Terra, que ele abriu caminho a novos ramos de investigação científica, que ele atraiu mais pessoas ao empreendimento científico que talvez qualquer outro ser humano e que ele era um cidadão consciencioso tanto da Terra como do cosmo. Talvez você seja um de muitos que foi levemente empurrado a uma trajetória de vida diferente pela atração gravitacional de algo que ele disse ou escreveu ou sonhou. Em minha estimativa parcial, ele era uma figura histórica mundial que nos incentivou a deixar a espiritualidade geocêntrica, narcisista, “sobrenatural” de nossa infância e abraçar a vastidão — amadurecer ao tomar as revelações da revolução científica moderna de coração”.

No epílogo desse livro que abordamos, Ann Druyan diz que diante da morte de Carl um grande número de pessoas se manifestou e que isso segundo ela:

“Esses pensamentos permitem que eu sinta, sem recorrer ao sobrenatural que Carl vive.”

Acho que me perdi em pensamentos...
Abraço




PS: Cremar é visto como ato de heresia (Hábito de povos pagãos da antiguidade) pois vai contra a ideia de ressureição do corpo ...

3 comentários:

  1. Oi Hades.
    A fé cristã de que Jesus ressuscitou dos mortos e que, portanto, há esperança de uma vida após a morte nunca foi para os primeiros discípulos uma afirmação teológica que eles aceitavam para satisfazer um 'wishful thinking' (eu gosto dessa expressão).

    Longe disso, a ressurreição foi proclamada por eles como um fato histórico em cuja defesa eles tinham evidências e argumentos.

    Nós também podemos analisar essas evidências. Existem quatro fatos reconhecidamente históricos que precisam ser explicados por alguma hipótese histórica adequada:
    - O sepultamento de Jesus.
    - A descoberta de seu túmulo vazio.
    - Suas aparições post-mortem (os historiadores concordam que os cristãos ACREDITAVAM terem visto Jesus).
    - A origem da crença dos discípulos em sua ressurreição.

    Existem muitas explicações propostas para essas evidências, porém elas encontram sua melhor explicação em que os discípulos disseram a verdade: Jesus ressuscitou. Essa hipótese passa por todos os critérios para ser uma melhor explicação, como "poder explanatório", "escopo explicativo", "plausibilidade", e os demais critérios.

    Eu geralmente observo que hipóteses absurdas são levantadas para explicar esses acontecimentos de forma naturalista, o que trai um preconceito filosófico contra milagres. Mas isso é apenas uma posição de fé, que diz: "não podem existir milagres, portanto essa explicação é imediatamente descartada." Essa posição não é uma justa avaliação dos fatos.

    Portanto, se analisarmos honestamente essas evidências, veremos que existem boas razões para crer que Jesus ressuscitou dos mortos. A implicação disso é a de que há mais do que apenas Morte diante de nós e que a nossa vida tem um sentido objetivo ligado diretamente ao Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos.

    [Meu blog recentemente tem sido atualizado com material sobre isso, e o livro de Lee Strobel "Em Defesa de Cristo" fornece uma discussão a nível popular sobre esse assunto, assim como o site reasonablefaith.org].

    Um abraço.

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  2. Bem vindo amigo! é sempre bom ter alguma participação por aqui!

    Bem, analiso honestamente essas "evidencias" e não vejo nada de "evidente" ...
    Obrigado, isso vai render uma nova postagem sobre tal assunto que já havia prometido e acabei esquecendo de trabalhar por aqui...

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