OK, o título já deve estar te
incomodando, afinal sempre fomos educados a respeitar o próximo, isso inclui
também a opinião do próximo. E realmente, devemos respeitar as pessoas e suas
opiniões. Contudo, há um limite para tal e gostaria que você me acompanhasse
nesse raciocínio ...
Não é de hoje, que há um
conflito e distinção sobre a "opinião" e “saber verdadeiro”. Os gregos antigos já
tinham e refletiam sobre essa dicotomia. Por volta do século V a.C, surgiu na
Grécia um grupo de pensadores que passaram a “comercializar a filosofia”, ou
seja, vendiam o “conhecimento”. A base para isso era o “relativismo”. Para eles
existia somente opiniões e nenhuma verdade absoluta.
Tal concepção faz sentido,
afinal, uma fruta é gostosa ou não? As pessoas vão ter opiniões diferentes
sobre isso, quem gosta ou não de daquela fruta, estará falando a verdade mesmo
que sejam ideias contrarias.
Mas se só existem opiniões,
então não há necessidade de buscar um “conhecimento verdadeiro”? Vejamos:
Mesmo entre os Sofistas, a
busca por um conhecimento mais profundo era incentivada. O mais famoso deles,
Protágoras (490/415 a.C), afirmava tal necessidade uma vez que mesmo não havendo uma “verdade
absoluta”, era necessário distinguir entre opiniões mais ou menos uteis,
“melhores” ou “piores”.
Então nos deparamos com a
questão: Nem toda opinião tem o mesmo valor, pois o que vai pesar no final das
contas é o grau de conhecimento do interlocutor. Como assim? Imagine que você
passe mal entre seus amigos, um é da área da saúde (enfermeiro, médico etc) o
outro é um mecânico inteligentíssimo, qual dos dois terá a opinião mais correta
sobre como proceder diante de seu mal-estar?
Bem sabemos que é aquele que
tem o conhecimento mais profundo da saúde nesse contexto. (Poderia acontecer,
mas seria muito pouco improvável que o mecânico tivesse uma solução mais
correta do que o médico).
Óbvio que não podemos
desvalorizar o conhecimento de ninguém, devemos sim respeitar a opinião das
pessoas, mas quando a opinião sem embasamento algum vai contra um saber mais
metódico, ela não tem poder. Quando uma opinião calcada em “achismos” faz
frente aos fatos ou dados concretos, ela não pode superar o que é “consistente”
com a realidade maior, no máximo, pode ser usada para questionamento e revisão.
(O termo Doxa vem do grego,
significa opinião ou simplesmente crença comum, ele se opõe à Episteme, que por
sua vez seria o conhecimento “verdadeiro” ou basicamente um conhecimento
metodológico, calcando e evidencias e até mesmo “demonstrável”).
Assim, Devemos compreender que o
mundo é mais do que eu acho ... O mundo não é o reflexo
só do que eu vejo.
Nós temos direito de ter opinião,
mas isso não deve ser limitado a invocar o “respeito” para permanecer no erro.
Sim! Eu posso estar errado na
minha opinião sobre um tema, cabe o debate honesto e a reflexão profunda para
rever isso. Eu não tenho que respeitar sua opinião se você está errado e se no
erro você fere ideologicamente ou fisicamente o outro. Ou vai me dizer que por
exemplo, “racismo” é uma opinião, portanto, a pessoa tem direito de ser
racista?
Questione as próprias convicções
...
Só assim melhoramos nossos
conceitos e poderemos ter uma opinião realmente válida das coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário