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terça-feira, 26 de maio de 2020

Toda opinião merece respeito?



OK, o título já deve estar te incomodando, afinal sempre fomos educados a respeitar o próximo, isso inclui também a opinião do próximo. E realmente, devemos respeitar as pessoas e suas opiniões. Contudo, há um limite para tal e gostaria que você me acompanhasse nesse raciocínio ...


Não é de hoje, que há um conflito e distinção sobre a "opinião" e “saber verdadeiro”. Os gregos antigos já tinham e refletiam sobre essa dicotomia. Por volta do século V a.C, surgiu na Grécia um grupo de pensadores que passaram a “comercializar a filosofia”, ou seja, vendiam o “conhecimento”. A base para isso era o “relativismo”. Para eles existia somente opiniões e nenhuma verdade absoluta.

Tal concepção faz sentido, afinal, uma fruta é gostosa ou não? As pessoas vão ter opiniões diferentes sobre isso, quem gosta ou não de daquela fruta, estará falando a verdade mesmo que sejam ideias contrarias.



Mas se só existem opiniões, então não há necessidade de buscar um “conhecimento verdadeiro”? Vejamos:

Mesmo entre os Sofistas, a busca por um conhecimento mais profundo era incentivada. O mais famoso deles, Protágoras (490/415 a.C), afirmava tal necessidade uma vez que mesmo não havendo uma “verdade absoluta”, era necessário distinguir entre opiniões mais ou menos uteis, “melhores” ou “piores”.

Então nos deparamos com a questão: Nem toda opinião tem o mesmo valor, pois o que vai pesar no final das contas é o grau de conhecimento do interlocutor. Como assim? Imagine que você passe mal entre seus amigos, um é da área da saúde (enfermeiro, médico etc) o outro é um mecânico inteligentíssimo, qual dos dois terá a opinião mais correta sobre como proceder diante de seu mal-estar?

Bem sabemos que é aquele que tem o conhecimento mais profundo da saúde nesse contexto. (Poderia acontecer, mas seria muito pouco improvável que o mecânico tivesse uma solução mais correta do que o médico).

Óbvio que não podemos desvalorizar o conhecimento de ninguém, devemos sim respeitar a opinião das pessoas, mas quando a opinião sem embasamento algum vai contra um saber mais metódico, ela não tem poder. Quando uma opinião calcada em “achismos” faz frente aos fatos ou dados concretos, ela não pode superar o que é “consistente” com a realidade maior, no máximo, pode ser usada para questionamento e revisão.


(O termo Doxa vem do grego, significa opinião ou simplesmente crença comum, ele se opõe à Episteme, que por sua vez seria o conhecimento “verdadeiro” ou basicamente um conhecimento metodológico, calcando e evidencias e até mesmo “demonstrável”).

Assim, Devemos compreender que o mundo é  mais do que eu acho ... O mundo não é o reflexo só do que eu vejo.


Nós temos direito de ter opinião, mas isso não deve ser limitado a invocar o “respeito” para permanecer no erro.
Sim! Eu posso estar errado na minha opinião sobre um tema, cabe o debate honesto e a reflexão profunda para rever isso. Eu não tenho que respeitar sua opinião se você está errado e se no erro você fere ideologicamente ou fisicamente o outro. Ou vai me dizer que por exemplo, “racismo” é uma opinião, portanto, a pessoa tem direito de ser racista?

Questione as próprias convicções ...

Só assim melhoramos nossos conceitos e poderemos ter uma opinião realmente válida das coisas.


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