Reza a lenda (ou melhor, O mito grego) que os seres humanos
eram, a princípio, grudados entre si, sento portanto um só ser (Duas cabeças,
quatro braços etc). Contudo, Zeus nos partiu ao meio e nos levou a uma condição
de busca pela nossa outra metade.
Tal relato milenar explicava para o sujeito antigo porque
queremos tanto alguém, a tal outra metade da laranja, a alma gêmea etc.
E na história, houve períodos em que o amor era a inspiração
dos poetas, o sofrimento da paixão era romantizado. Mas os tempos são novos, são velozes
... “Líquidos” como dizia o simpático Zygmunt Bauman.
Muitos
veem essa angustia como ultrapassada, pois a modernidade que foca o “indivíduo”,
lhe convoca a realização pessoal e certo “desapego” se tratando de amor.
Não
há nada errado com isso. O desapego é bom, o amor próprio é um ideal, afinal
como amar alguém senão amamos a nós mesmos? Qualquer tentativa de um
relacionamento que esteja ancorado na carência e na incompletude tende a ser
frustrante.
Mas,
talvez toda essa condição, tenha gerado a “moda do desapego”, como se as
relações fossem um jogo onde quem se importa menos “ganha”. Afinal, a
modernidade lhe deu o “poder” de não se esforçar muito para algo dar certo.
Aquela
moça ou rapaz bonito, quando se veem em um relacionamento que não é perfeito ou
“ideal”, facilmente podem migrar para outro na busca dessa “perfeição”. Aquele amigo te chateou? Ora! Que tal
acreditar naquela ilusão de mais de mil amigos do Facebook?
Se
como eu você tem mais de trinta, lembra-te de sua juventude, quando você
poderia se apaixonar com alguém na rua, mas provavelmente nunca mais veria a
pessoa. Vai me dizer que só eu era bobo assim? (risos). Hoje, a conectividade
deixa as pessoas absurdamente mais próximas e antagonicamente distantes ...
Ninguém
completa ninguém, mas podemos ter uma agradável companhia nessa jornada
existencial. Porém, a banalização do “desapego” no fim da história, contribui é para
que cada vez mais as pessoas se sintam sozinhas ...
Outrora
as pessoas sofriam tanto por amor que se matavam, a cultura era marcada pela
exaltação da realização do amor e consequentemente da felicidade. Nesse
sentido, estamos bem melhor ao entendermos que a felicidade é uma condição
pessoal e pode estar “ou não” na realização do amor.
Contudo,
a banalização do desapego pode nos transformar naquilo em que todos temos
repulsa, pessoas egocêntricas que não se importam com nada ou ninguém além de
si mesmas.
“Mas
eu não vou sofrer com quem não merece!”
Calma!
É justo! Mas quantas pessoas do bem podemos estar perdendo ou deixando de
ajudar por não querermos dar alguma importância? Percebeu que do tema amor
chegamos a qualquer tipo de relação?
Então,
que tal mandar uma mensagem para alguém que tu acha que te esqueceu? Se
importar não é fraqueza, hoje em dia mais do que nunca, a gente tem que ser
muito forte para demonstrar que se importa ...
Na
moda do desapego, eu sigo promovendo amor ...
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