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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A ilusão do eu

 



Talvez você já tenha sido convidado a refletir sobre quem é você, sobre como se define subjetivamente ou até mesmo em um sentido maior, sobre o que é o ser humano e isso o levou a pensar no que você realmente é.

Em tal questionamento temos pessoas que rapidamente começam a descrever características peculiares em uma tentativa de esculpir sua personalidade, seu “eu”. Enquanto outras entram em um estado introspectivo por não acharem simples fazerem esse levantamento e explicar exatamente o que as torna quem são.

No primeiro grupo de pessoas, temos a ilusão de que se possa reduzir qualquer pessoa a um grupo de adjetivos simplórios que muitas vezes nem elas mesmas têm certeza de possuir, “Eu sou uma pessoa honesta e sincera”, será que você é tão verdadeiro assim ao ponto de considerar isso uma marca específica de sua personalidade? 

Já no segundo grupo de pessoas temos uma postura mais lúcida, de que talvez seja bem complicado reduzir uma pessoa a uma lista de característica. Isso é uma constatação de que talvez o “eu” seja uma ilusão.

Filosofias muito antigas já promoveram essa ideia, no Budismo por exemplo a constatação de que estamos em constante transformação é a base da ideia de que não temos como dizer o que um a pessoa é, pois embora as convenções sociais (principalmente religiosas) postularam que existe uma “essência” ou alma, no fundo somos apenas um conjunto de elementos em transformação. Nosso corpo, nossas ideias, as sensações e percepções estão em constante mudança. Logo, o “eu” é uma ilusão.

Mas deixando Buda e a polêmica reflexão teológica que pode gerar de lado, realmente mudamos muito com o tempo o que já é a marca de uma inconstância do “eu”, essa “coisa” por detrás dos seus olhos não só sofreu transformações com o passar dos anos (mesmo imperceptíveis) como ela é bem mais do que características que os outros lhe atribuem, ou que você mesmo acredita possuir.

Voltando ao exemplo, uma pessoa não é 100% honesta o tempo todo, afinal, todos nós nos deparamos com situações em que a honestidade pode vir a ser uma grosseria perfeitamente evitável e optamos por não falar a verdade, só aí ela já deveria reconhecer a inconstância de se enquadrar, talvez assumir que é alguém que tenta ser o mais honesto possível. Outra pessoa considerada extremamente pacífica não está a salva de um surto de violência ao passo que outro ser considerado agressivo pode demonstrar surpreendente certa empatia e benevolência quando todos esperariam o oposto dela.

Somos tão suscetíveis às situações ao nosso entorno que qualquer sustentação de um “eu” fixo cai por terra, afinal, posso ser uma pessoa muito calma, mas em um determinado momento posso estar muito nervoso e agir em contradição com o que esperam de mim ou melhor, com a ideia de pessoa que criaram de mim.

Podemos ter uma ideia de quem são as pessoas, mas na verdade é apenas uma ilusão, pois somos escravos de nossas percepções em relação a elas e eventualmente nos surpreendemos quando elas não agem de acordo com o que esperamos delas.

Talvez o mais perto da construção do eu seja realmente essa busca por adjetivos simplistas, mas veja que loucura é pensar sobre isso: Esse “eu” que vos escreve, pode ser descrito como um sujeito bonito (Pelo menos para minha mãe ok?) Mas as características físicas são extremamente transitórias, de um físico atlético posso em semanas entrar em um aspecto sedentário (Se você passou dos trinta sabe do que estou falando rs).

Então quem sabe, esse “eu” seja o conjunto de ideias que acredito, mas da mesma maneira que meu cabelo cai, eu posso mudar de opinião ou mesmo de ideologia complementarmente!

Então quem sabe eu seja um conjunto de minhas memórias? Faria sentido, mas e aquelas pessoas que possuem alguma doença que as fazem esquecer suas experiencias de vida deixam de ser quem são por terem novas memórias?

Refletir sobre o que somos pode ser uma tarefa angustiante pelo simples fato de que quanto mais pensamos, menos é possível descrever o que realmente se é.

E então? Quem é você?

 

 

(Marcos A. Faria)

 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Os mestres do universo da ignorância

 


Eu via He-man quando era criança, como boa parte da minha geração, mas os mais jovens tendem a conhecê-lo pelos memes da internet e apesar de provavelmente eu ter visto tudo mais de uma vez, não posso dizer que sou fã, o que implica em uma certa indiferença ao anúncio da Netflix sobre a nova animação. Contudo, muitas polêmicas surgiram e despertaram meu interesse em dar uma olhada no resultado.

Em suma, a nova animação dá espaço para outros personagens em especial Teela que na versão clássica era mais um personagem de interesse romântico para o protagonista. Já He-man e seu clássico inimigo, o Esqueleto, são deixados de lado para que os outros personagens sejam mais trabalhados. Esse detalhe já aparece na nomeação do desenho que se chama “Os mestres do universo” e não “He-man e os mestre do universo”.

Logo, um pessoal que provavelmente tem mais de trinta anos nas costas passou a reclamar: “Desenho do He-man sem He-man”, “lacração feminina”, “Teela está masculinizada”, “Que roupa é essa? Cadê o maio?” etc. Eu sem ver o desenho já estava desconfiado que essa reclamação toda era coisa de retardado, até que eu vi ...

Pois bem, agora tenho certeza! A ideia do desenho foi muito boa em explorar todo o cenário e personagens desse universo, algo que ficou enfatizado ao tirar de cena o poderoso He-man, sem poder contar com ele, os demais heróis tem que mostrar que sabem se virar, a própria aliança de heróis com alguns antagonistas foi uma pegada genial. Teela está lá para carregar a narrativa que passou a ser de exploração e não a fórmula antiga do “vilão do dia”.

Eu poderia trabalhar cada argumento crítico feito para a série, pois algumas coisas não são resumidas à “gosto”, mas sim a uma implicância imbecil feitas por marmanjos que alegam que sua infância foi destruída..., mas sinceramente, não vale a pena!

Se um sujeito ADULTO começa a militar sobre um DESENHO já podemos achar estranho. Veja bem, eu não digo que você seja obrigado a gostar do que é novo, mas proponho uma reflexão sobre a natureza da crítica.

A cultura pop, em especial o universo geek (ou nerd) tem dessas insanidades, outrora ser “nerd” era sinônimo de inteligência, mas hoje em dia já não pode ser encarado dessa forma infelizmente. É de se desconfiar que um sujeito mesmo sendo fã de X-men possa ser um sujeito preconceituoso e não é de se espantar que um fã de Starwars possa ser um fascista enrustido por exemplo.

Assim, por mais descolado que possa parecer um sujeito mais velho que curta essas coisas (pelo menos na cabeça dele), ele pode ser somente isso, um velho sem a sabedoria da idade, apenas um velho infantilizado que acha que seu gosto e apego emotivo é o real critério de validade da produção cultural ... 

Para esse tipo de sujeito, só há uma coisa a se dizer: 

Meu! Cresça!

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Bolsonarismo e a Ordem da Fênix


Como muitos já devem ter imaginado, sim, o título é uma alusão ao filme Harry Potter e a ordem da Fênix. Embora eu seja um entusiasta da cultura pop (Sou nerd/geek mesmo rs) a saga do jovem bruxo não me conquistou, tentei ler e parei, tentei ver os filmes mas larguei no primeiro, mesmo com praticamente todos do meu círculo de amizades apreciando a franquia, eu não avancei até os últimos dias ...

Recentemente resolvi ver todos os filmes (no momento faltam os dois últimos) e inusitadamente a Ordem da Fênix me deu um estalo para querer fazer essa infame analogia do bolsonarismo com eventos que ocorrem no filme.

Contextualizando, o grande vilão surge, aquele que não se pode falar o nome está entre nós, logo, era de se esperar que diante de uma grande ameaça, a comunidade dos bruxos se organizasse, os líderes traçassem planos de contingência para enfrentar esse mal certo?

Errado! Como acontece na realidade brasileira diante de um inimigo concreto, o Ministério da Magia liderado por Cornelius Fudge (Robert Hardy) acredita que tudo isso é conspiração para tirá-lo do poder, decide negar os eventos testemunhados por Harry Potter (Daniel Radcliffe) buscando desacreditá-lo e até mesmo culpar o jovem bruxo por eventos que estão obviamente ligados ao retorno do grande vilão.

Isso não lhe parece familiar? Mas não para por aí! O ministério da magia decide que a escola de magia de Hogwarts está corrompida! Os bons costumes estão sendo perdidos e é preciso resgatá-los, assim entra em cena a personagem Dolores Umbridge (Imelda Staunton) uma falsa puritana que em nome do que é o certo transforma a escola de magia numa pequena ditadura, com direito a torturas e tudo para manter a ordem e resgatar os valores “corretos”.

Dolores incorpora uma espécie de “cidadão de bem”, cheio dos valores que julga ser o correto e não tem percepção mínima de que se transforma em um excremento humano promovendo dor (literalmente as vezes) com suas ideias. Uma personagem tão odiável que nos pegamos desejando uma morte cruel para a mesma, só fazendo Nietzsche soar em minha mente com sua célebre reflexão: Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

A gente pode rir de nervoso dessas coincidências, o mal transvestido de bem, negacionismo conveniente etc. Mas tudo isso só me fez pensar como que a arte seja ela qual for, está sempre denunciando as várias facetas do mal, ou melhor da ignorância, essa sim, o grande e verdadeiro mal.

Cresci vendo em novelas e até filmes, pilantras usando o nome de Deus para se passarem de bons por exemplo, para chegar à vida adulta e testemunhar fatidicamente que isso é real e que outros adultos que também viram essas mesmas coisas, são capazes de seguir acreditando em político que usa nome de Deus ... Só mais uma coincidência com Harry Potter, os trouxas são definitivamente trouxas ...

 

OBS: É infame a comparação da imagem,  Voldemort é realmente poderoso e tem certa inteligência, algo incompatível com o energúmeno, nosso presidente estaria mais para o bostão do ministro da magia Cornelius , mas esse pelo menos, quando viu a merda que fez, reconheceu.

terça-feira, 22 de junho de 2021

O idiota moderno e as teorias da conspiração

 


Sempre comentei, nas minhas aulas de Filosofia, quando surgia a oportunidade, que a palavra “idiota” era de origem grega, que embora as pessoas usassem para designar alguém que carece de inteligência, o termo referia-se originalmente àquele que nega o mundo, o ignorante. Precisamente, aquele que não participa da vida pública, da política.

Mas em tempos modernos (em um sentido de recente, atual, etc) o ignorante/tolo tem cada vez mais interesse pela política.

Obviamente isso não muda sua essência de ignorante, pois ele continua a ignorar a realidade, apenas resolveu se fazer de entendido de assuntos que notavelmente não domina.

É claro que o problema não é saber de tudo. Ninguém sabe de tudo! A questão justamente é: até onde vai o seu interesse pela realidade? Ele te leva a estudar um tema e refletir de forma crítica antes de manifestar ou defender uma posição? Se sua resposta é sim, parabéns! Mas se você está disposto a participar e a brigar na internet ou na mesa de um bar para defender uma ideia porque você simplesmente “acha” que é a correta mas não buscou estudar, refletir ou mesmo a escutar opiniões diferentes, tenho uma notícia chata para você ...

O resultado disso não podia ser outro. A corrosão de um sistema que já não é perfeito, mas que poderia ficar pior uma vez que nos debates de assuntos tão importantes que dizem respeito a todos nós, as ideias e ações que normalmente poderíamos chamar de absurdas e completamente sem noção, ganham notoriedade e são levadas a sério.

E normalmente não há remédio para o doente de uma ideia cuja base pode ser a simples vaidade. Esse idiota moderno, não está disposto a mudar de ideia. Mesmo que a realidade seja esfregada na sua face, ele não pode mais admitir que estava errado, ele vai negar, “ignorar” a realidade até o fim, pois afinal de contas, ele é um idiota.

Logo, esse idiota moderno está a um passo (ou com os dois pés) no fantástico mundo das “teorias da conspiração”. Como ele poderia ignorar mais a realidade, que exige estudo e esforço mental para ser entendida, senão por meio de ideias simplistas que não exigem qualquer esforço intelectual para ser compreendida?

As teorias da conspiração dão uma falsa sensação de controle e noção de superioridade. Para aquele que crê nessas bobagens, os outros são pobres coitados que não descobriram a "verdade". Aquele sujeito que não consegue entender nada de ciências (sejam quais forem), agora vira o jogo. Ele é o sábio, o esperto, o "livre" ... Mais uma ilusão ancorada na ignorância e vaidade.

Por que você vai gastar energia mental estudando História, Geografia, Sociologia, Filosofia, etc... para buscar compreender o mundo e as complexas relações culturais que fazem tudo ser como é,  se você pode simplesmente aderir a alguma ideia simplista de caráter maniqueísta (político ou religioso)?

Se a resposta não for o amor pelo conhecimento ou a vontade de ser livre das algemas ideológicas e culturais que prejudicam o seu eu e parte da coletividade, poderia ser simplesmente por uma questão de honestidade intelectual. Mas aquele que é contaminado pela vaidade, dificilmente abraça a humildade que a própria busca do saber exige.

Marcos Faria 07/06/2021

segunda-feira, 29 de março de 2021

“Estudar para ser alguém na vida”

 


Aparentemente o conselho é bom e no mínimo é cheio de boas intenções. Contudo, merece um olhar mais crítico. (O que seria de mim enquanto professor de Filosofia se não causasse esse tipo de inquietação? Rs)

Geralmente este conselho de “Estudar para ser alguém na vida” é direcionado ao jovem que está começando a ter alguma consciência da vida. Mas todos nós inclusive este jovem, já não somos alguém na vida?

 Então como “estudar para ser alguém na vida?” A ideia é ser alguém especial? Realizada e bem sucedido?

No sentido material provavelmente, mas o estudo pode não garantir essa realização financeira e a realidade esfrega isso na nossa cara o tempo todo. E mesmo que o indivíduo consiga essa estabilidade material na vida, nada garante que isso esteja vinculado à uma satisfação existência, ou seja, à felicidade.

O estudo pode sim te realizar, em um sentido existencial, o financeiro pode até ser uma consequência. Talvez essa perspectiva que deveria ser focada, de que o conhecimento pode nos enriquecer enquanto seres humanos melhores. 

Para esse conselho ser válido e não apenas mais uma frustração na vida das pessoas, deve-se compreender que a verdadeira realização das criaturas humanas, está no conhecimento.  Afinal, bem sabemos que praticamente todos os males dessa existência, são fruto da ignorância do ser humano, para com a natureza, para uns com os outros e para consigo mesmo.

domingo, 7 de março de 2021

Filósofas sim!

 


Saudações! Nada mais propício que nessa data em que celebramos o dia das mulheres, falemos aqui sobre estas dentro da história da Filosofia. Houve muitas delas, mas por razões culturais que podemos imaginar, não tiveram o destaque que mereciam.

Fala-se tanto em Sócrates (Reconhecido por muitos como o “pai da Filosofia”), mas sabia que ele teve duas professoras? Diotima e Aspacia! O que pode ter tudo a ver com a ideia de Sócrates (filho de uma parteira) de que a filosofia ajuda a “parir” as ideias ou a “verdade”, nomeando seu método de “Maiêutica” (parto).

Embora a discriminação sofrida pelas mulheres na história da Filosofia seja notável, algumas se destacaram pela busca da sabedoria e trilharam inclusive, os passos da ciência.

Mas por que ouvimos tão pouco delas? Eis a reflexão que quero lhes deixar ...

Sugestão de links:

Que tal uma lista de pensadoras?  https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulheres_na_filosofia

“As mulheressempre existiram na Filosofia” - Entrevista com a filósofa Ruth Hagengrube:

https://diplomatique.org.br/as-mulheres-sempre-existiram-na-filosofia/  

Livro: Filósofas: apresença das mulheres na filosofia (Juliana Pacheco) -

https://www.editorafi.org/filosofas

Filme: Ágora de Alexandria – A incrível história de Hipátia -  

https://www.youtube.com/watch?v=ZIWRFY3X_RU

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Não seja maricas

 Se há algo frágil, definitivamente é o ego masculino em relação a sexualidade. Mas isso é uma construção cultural.



Desde de criança, o rapaz é cativado a ser macho, já lhe é imbuída a necessidade de ostentar a macheza, ele tem que demonstrar interesse no sexo oposto, ser forte, não chorar, etc. Crianças são crianças, haverá muito tempo para elas se descobrirem, mas por que os adultos as sexualizam? Por que a necessidade de arranjar a namoradinha do filho quando ele nem sabe falar ainda?

Lembro me que passei parte da minha vida juvenil conflitando com a masculinidade tóxica, se uma menina tivesse interesse em mim, eu tinha que ficar com ela, mesmo que não fosse recíproco, pelo simples fato de que os demais meninos não iriam entender que eu não queria por não gostar dela, mas iriam interpretar aquilo como “viadagem” ou seja, se eu não ficar com a moça é porque eu era gay.

E se hoje em dia ainda há preconceito sexual, bem sabemos que era muito pior no passado, ao ponto de que quem era homossexual dificilmente se assumia como tal, com receio de encarar a sociedade com os seus bons e velhos valores. Logo, ser taxado de homossexual estruturou-se como uma das ofensas mais serias que se pode fazer a um homem.

E assim a gente cresce, com a necessidade de provar que somos machos! Se passa uma mulher na minha frente, eu tenho que olhar e talvez até mexer para mostrar para o meus amigos que eu gosto daquilo ali. Ostentar quantas “peguei” e o que fiz com elas é padronizado como atitude comum de macho e se você não o faz, é por que com certeza você é gay ...

Falando assim, fica fácil perceber o quanto idiota isso parece não é mesmo? Mas está aí, você sabe, você testemunha, ou na pior da hipóteses, pratica.

Podemos desenvolver duas reflexões nessa linha: A primeira é que a cobrança da masculinidade definitivamente não é saudável, para começar porque ele inferioriza a mulher como um objeto, rotula o conceito do que é ser e como deve agir o homem levando a ideias estúpidas como: Pensar em amor e sentimentos é coisa de mulher ou de “maricas”, homem pensa é em sexo! E isso se reflete na sociedade, não do jeito que o conservadores gostariam, de homem na liderança provendo o lar e estruturando a família. Mas como famílias desestruturadas, mães solteiras porque o homem tem que pegar todas, casamentos falidos pela infidelidade de corrente da ideia de que homem pode fazer isso, de que é comum e normal, homens que são gays, mas vivem mentiras, Feminicídio! Podemos levantar vários contextos infelizes que podem ou estão relacionados com o simples fato de existir toda uma cultura voltada para a masculinidade tóxica.

A segunda, é que: E se eu fosse homossexual? O que isso importaria? O que isso faria de diferença na sua vida? Por que encarar a orientação sexual de alguém como motivo de ofensa? Se alguém me confunde ou supõe que eu seja homossexual, isso não é motivo para eu me ofender.

Mas a masculinidade tóxica está ai, ela promove o preconceito, a partir do momento que o homem não pode aceitar a homossexualidade, ele a antagoniza, sente a necessidade de agredi-la para provar-se macho.

O que nos leva a movimentos completamente imbecis como “Orgulho de ser hétero”.

Toda vez que me deparo com sujeitos nessa linha me vem à cabeça que: É um desafio tão grande assim ser hétero para o indivíduo que ele deve orgulhar-se? Eu vejo como se o sujeito orgulha-se de vencer o impulso íntimo de querer se atracar com o amigo malhado da academia ... 

Ser hétero não é motivo de orgulho para mim, simplesmente por não haver dificuldade nenhuma em me assumir como tal, agora ser gay e encarar todas as consequências e preconceitos que a vida vai trazer, esse sim tem que ter orgulho ...